Além de rótulos
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Passar pela privação de liberdade em unidades femininas de medidas socioeducativas não significa o fim da linha, nem que os sonhos desaparecem. A vida continua, e a história de Yanne Alves é uma prova disso. Ela encontrou apoio e acolhimento no programa Aflora Mundão, uma rede que mostra que a transformação é possível quando há acolhimento e colaboração.
Yanne compartilhou sua jornada, marcada por desafios e conquistas em uma entrevista exclusiva para o Instituto Mundo Aflora. Quando estava na Fundação CASA descobriu um passatempo: trançar cabelos. Buscou aprender mais sobre a arte com as meninas mais velhas e transformou isso em uma habilidade que lhe proporciona uma renda extra até os dias de hoje. O que começou quase que como uma brincadeira se tornou uma fonte de renda fora dos muros da instituição.
“Para amenizar um pouco essa dor que eu tinha lá dentro, procurei aprender a trançar com as outras meninas que já eram mais velhas e comecei a me determinar naquilo. Hoje em dia sou praticamente uma profissional”, conta Yanne sobre sua jornada de aprendizado.
Assim que saiu, a jovem procurou o Aflora Mundão em busca de apoio. Encontrou nas meninas do programa um acolhimento caloroso e um suporte fundamental para enfrentar os desafios do Mundão. Esse apoio foi essencial para Yanne, que enxergou no programa não apenas uma oportunidade, mas também uma nova perspectiva sobre seus objetivos e prioridades.
“Eu procurei as meninas para ter um apoio aqui fora que estava sendo muito difícil pra mim. Elas me apoiaram, me receberam muito bem, de braços abertos, me mostraram o que é o Mundo Aflora, e eu tô até hoje com as meninas, já faz quatro anos”, compartilha.
Em fevereiro deste ano Yanne viveu e proporcionou para outras jovens e para a equipe do Mundo Aflora uma tarde linda: ela voltou à fundação CASA como palestrante. Contou sua história às meninas, compartilhando suas experiências e inspirando outras jovens a acreditarem em si mesmas e em um futuro melhor. Essa experiência reforçou seu compromisso em continuar ajudando outras meninas a superarem seus próprios obstáculos e a construírem um novo futuro.
“Isso para mim foi muito gratificante e é um sentimento inexplicável, porque é muito bom você ver o olhar delas de atenção no que você está falando, ver o interesse delas no assunto que você está citando, o interesse delas em saber como você conseguiu passar por tudo aquilo, como você está conseguindo passar por tudo isso aqui fora”, ressalta Yanne.
Hoje, Yanne não é mais uma assistida do programa, mas sim, uma embaixadora. Sua história é uma prova viva de que, com determinação e apoio, é possível superar qualquer obstáculo e alcançar os mais altos sonhos: “eu jamais imaginaria eu sendo embaixadora do Mundo Aflora. Eu sempre tive interesse, sim, em me tornar embaixadora, sempre admirei muito as meninas que são embaixadoras e eram antes de mim. Me sinto honrada por poder fazer parte disso, por poder ajudar as outras meninas também no que elas necessitarem, o que tiver ao meu alcance também”.
E o maior sonho da Yanne? Morar em outro país, uma meta para a qual está determinada a alcançar. Essa é a essência do programa Aflora Mundão: oferecer não apenas oportunidades, mas também esperança e apoio para aquelas que mais precisam.
As palavras e a jornada da embaixadora do Aflora Mundão nos lembram do poder transformador que uma rede de apoio pode ter na vida de pessoas em situações vulneráveis. Seu exemplo inspirador nos mostra que é possível superar adversidades e construir um futuro com sonhos realizados, transformando não apenas uma vida, mas muitas outras ao seu redor.
Ao conhecer histórias como da Yanne somos convidados a refletir sobre a importância de estender a mão para meninas cis e pessoas trans que cumpriram medida socioeducativa em privação de liberdade, de oferecer acolhimento e apoio. Pois é no interesse pelo próximo, na união e na solidariedade que encontramos a força para superar os desafios e construir um mundo mais justo e humano para todos.
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