A guerra invisível: o abismo social das crianças no Brasil
Mundo Aflora Em um mundo onde todos se mobilizam em solidariedade às crianças vítimas de guerras, é necessário refletir sobre
Essa cobrança, que já soa familiar para tantas mães, reflete uma antiga e injusta tendência de responsabilizar exclusivamente as mulheres pelo bem-estar de seus filhos. Mas por que essa pressão recai sempre sobre as mães?
A maternidade é uma jornada complexa e desafiadora. As mães frequentemente tentam equilibrar suas vidas pessoais em meio a uma montanha de responsabilidades e culpas, sim, muitas culpas, não apenas as que a sociedade lhes impõe, mas também as que colocam em si mesmas. Mães são culpadas quando a filha adoece, quando não conseguem amamentar, quando a filha não tem poder de escolha, e até mesmo quando a filha cumpre medida socioeducativa em privação de liberdade. “Cadê a mãe?” é um mantra cruel que perpetua a ideia de que todos os problemas de uma criança ou adolescente são resultado de falhas maternas.
No entanto, essa visão é injusta e simplista. Crianças e adolescentes que cometem atos infracionais muitas vezes vêm de contextos onde seus direitos não foram garantidos desde o nascimento. A responsabilidade por essas falhas é compartilhada entre a família, a sociedade e o Estado, que frequentemente falham em proporcionar o suporte necessário. Falta de acesso à educação de qualidade, serviços de saúde adequados e programas de apoio social são fatores que contribuem para essas situações. Precisamos reconhecer que a criação e o bem-estar de uma criança são responsabilidades coletivas.
As mães dessas meninas muitas vezes carregam consigo histórias de ciclos de violência. Crescem sob a sombra das dificuldades de suas próprias mães, frequentemente reproduzindo padrões dos quais não conseguem escapar. A sociedade, ao julgar essas mães, ignora totalmente a história de vida e as barreiras sistêmicas que enfrentam. Para cada adolescente que se vê envolvida em situações adversas, há uma mãe que, por vezes, não teve o apoio necessário para quebrar esses ciclos.
Além disso, muitas mães enfrentam a difícil realidade de não poder visitar suas filhas que estão em privação de liberdade. Isso não significa que não estão lutando e apoiando de outras maneiras. A mãe, em qualquer circunstância, é um pilar de apoio e amor. Mesmo quando não podem estar presentes fisicamente, continuam a apoiar e lutar pelas filhas de todas as formas possíveis do lado de fora. A mãe é a única que não solta a mão da filha, independentemente da situação.
Chegamos a um ponto em que, em vez de gritar a cada minuto “Cadê a mãe?”, é necessário começar a questionar como podemos apoiar essas mães e filhas. Precisamos de uma rede de apoio que não apenas ofereça suporte emocional, mas também recursos práticos e oportunidades para essas mulheres. Isso inclui acesso a serviços de saúde mental, programas de educação e uma comunidade acolhedora que entenda suas lutas.
A responsabilidade não pode ser unicamente da mãe. A pergunta que devemos nos fazer é: onde está o apoio que essa mulher precisa para conseguir quebrar o ciclo de violência em que está inserida?
É hora de transformar a vida dessas famílias. Em vez de culpar as mães, devemos nos unir para apoiá-las. Apenas reconhecendo que também somos responsáveis pelo cuidado e bem-estar das crianças e adolescentes poderemos romper os ciclos de violência e negligência.
Mundo Aflora Em um mundo onde todos se mobilizam em solidariedade às crianças vítimas de guerras, é necessário refletir sobre
Mundo Aflora “Criminosas”, “bandidas”, “delinquentes”, “bandidinhos”, “marginais”. Você já falou ou ouviu alguém se referir assim a adolescentes que cumprem
Mundo Aflora Em agosto celebramos com orgulho os 8 anos do Instituto Mundo Aflora, um marco significativo que nos lembra