Muitas pessoas me perguntam como podem ajudar a mudar a sociedade. Percebo o desejo genuíno de quererem ajudar mas não sabem por onde começar. Também ouço de pessoas que trabalham ha muitos anos no campo social, em órgãos públicos e em organizações sociais, que amam o que fazem mas muitas vezes desanimam por não saberem se o trabalho delas está fazendo alguma diferença de fato. Acredito que se colocar no papel de colaborar para o meio em que vivemos e convivemos nos faz exercer o pertencimento e a cidadania.
Segundo o jurista Dalmo de Abreu Dallari, “a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo.” Compreender que sou parte de um todo e participar ativamente para uma sociedade mais justa e igualitária no poder de decisão no meu país é o que me motivou a direcionar todo o meu trabalho para o desenvolvimento e transformação social. E, assim como diversas pessoas que não conseguem ver se existe impacto positivo no trabalho que faço, me questionei se o que estava fazendo tinha de fato algum benefício para as pessoas para quem trabalhava. Durante esses 17 anos trabalhando com meninas em alto risco e vulnerabilidade, principalmente dentro de medidas socioeducativas, aprendi algumas coisas que acredito que valem a pena ser compartilhadas:
Me lembro quem foram as pessoas gotas no meu balde. Muitas dessas gotas foram as meninas que atendemos em privação de liberdade ou que já estão no mundão. Principalmente a menina, que vou chamar aqui de Ana*, que saiu da privação de liberdade e pediu ajuda para pagar a faculdade. Pensei comigo, por que não podemos ter mais Anas por ai? Demorou mas hoje ela sabe que é a razão do Instituto Mundo Aflora existir e que impactou a vida de tantas outras meninas. Muitas meninas que participaram das nossas atividades dizem que nós e os nossos parceiros, inclusive alguns servidores que acompanharam elas durante o período de internação, foram as gotas nos baldes delas.
Para trabalhar com transformação humana é necessário criar o ambiente e o tempo para que a pessoa assimile o cuidado, o amor e o reconhecimento da humanidade comum a nós. E ao mesmo tempo, utilizarmos os privilégios que temos para fazer as mudanças necessárias ao nosso redor. Isso requer muita paciência, conosco e com o sistema em que vivemos, alem de flexibilidade. E talvez também uma pitada de confiança que mesmo que nosso trabalho termine, terão outras pessoas que continuarão enchendo positivamente o balde das pessoas que nos importamos.
Quem foi a sua gota no balde? Deixe ela saber disso.
*nome fictício.
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